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Autor: Tatiani Faust
Instituição: UNIVALI
Tema: Hemofilia
FISIOTERAPIA NA HEMOFILIA
1. INTRODUÇÃO
A hemofilia é uma patologia grave, na qual seus pacientes
necessitam de tratamento especial. Existem vários
cuidados médicos, que podem ser aplicados aos
hemofílicos. Nas casas de tratamento, há serviços
odontológicos, psicológicos, de clínica geral, assistência
social e sobretudo fisioterapêuticos. Sobre esse, trataremos
no presente trabalho, levando em consideração as
técnicas aplicadas, a forma como atua no campo reabilitativo
e preventivo, além de definirmos a doença em si, bem como
os tipos de hemofilia e sua classificação quanto
a gravidade para o paciente.
necessitam de tratamento especial. Existem vários
cuidados médicos, que podem ser aplicados aos
hemofílicos. Nas casas de tratamento, há serviços
odontológicos, psicológicos, de clínica geral, assistência
social e sobretudo fisioterapêuticos. Sobre esse, trataremos
no presente trabalho, levando em consideração as
técnicas aplicadas, a forma como atua no campo reabilitativo
e preventivo, além de definirmos a doença em si, bem como
os tipos de hemofilia e sua classificação quanto
a gravidade para o paciente.
2. HEMOFILIA
Nos últimos tempos, novos conhecimentos sobre hemofilia
permitiram, com razoável grau de sucesso, aplicar aos
hemofílicos métodos de tratamento já comprovados nos
cuidados de outros pacientes portadores de incapacidades físicas.
permitiram, com razoável grau de sucesso, aplicar aos
hemofílicos métodos de tratamento já comprovados nos
cuidados de outros pacientes portadores de incapacidades físicas.
A hemofilia inclui um grupo de estados clínicos que se
manifestam
por uma anormalidade do mecanismo de coagulação e é causada
por deficiências funcionais de fatores de coagulação específicos.
por uma anormalidade do mecanismo de coagulação e é causada
por deficiências funcionais de fatores de coagulação específicos.
Tipos de hemofilia
Hemofilia A - Na qual existe uma deficiência do fator VIII.
Hemofilia B - Na qual se verifica deficiência do fator IX.
Clinicamente, as hemofilias A e B são literalmente
semelhantes,
havendo um predomínio da hemofilia A na população afetada.
havendo um predomínio da hemofilia A na população afetada.
A intensidade dos sintomas variam de acordo com o grau de
severidade da doença.
severidade da doença.
Classificação da hemofilia
Hemofilia Leve: significa que existe de 5 a 25% de fator de
coagulação (VIII ou IX) atuando no sangue.
coagulação (VIII ou IX) atuando no sangue.
Hemofilia Moderada: significa que há um pouco (entre 1 e 5 %)
de fator de coagulação (VIII ou IX) atuando no sangue.
de fator de coagulação (VIII ou IX) atuando no sangue.
Hemofilia Grave ou Severa: Existe muito pouco (até 1%) ou
nada
de fator de coagulação (VIII ou IX) atuando no sangue.
de fator de coagulação (VIII ou IX) atuando no sangue.
3. PRINCIPAIS PARTES DO CORPO AFETADAS
A hemofilia ocasiona transtornos à capacidade mioarticular
do hemofílico, desorganizando consideravelmente o aparelho locomotor. As
hemorragias musculares e as hemorragias intra-articulares são os acidentes mais
observados nos hemofílicos e, geralmente, começam entre 3 e 4 anos de idade,
podendo afetar especialmente as articulações de grande suporte do corpo, como
os joelhos, tornozelos e, em seguida, os cotovelos.
Incidência de comprometimento articular na hemofilia A (em
%)
As hemorragias intra-articulares provocam um aumento do
volume articular, calor local acompanhado de dores intensas e, quando a
hemorragia ocorre no sistema nervoso central, pode haver a perda total ou
parcial dos movimentos, dependendo da área acometida e de sua extensão.
A distensão da cápsula se limita, e a hemorragia favorece
uma pressão intra-articular. O derrame é reabsorvido lentamente, através da
membrana sinovial, que se inflama e hipervasculariza, caracterizando uma
sinovite crônica hipertófica. O hemofilico adquire um postura corporal viciosa,
causada pela dor e pela grande quantidade de líquido intra-articular.
4. CAMPOS DE ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA
A reabilitação do paciente hemofílico e seu bem-setar
psicossocial vem ao encontro dos objetivos da Fisioterapia, possibilitando, por
meio dos recursos fisioterapêuticos, sua recuperação funcional.
O fisioterapeuta deve evitar pressões articulares, lembrando
que o quadro osteoarticular tem por base um quadro hematológico. Deve-se
lembrar também, as intercorrências hemorrágicas que por ventura ocorram durante
o tratamento, atrasam a recuperação do paciente. No entanto, todas as técnicas
de fisioterapia podem ser utilizadas pelo profissional, desde que a clínica e o
exame fisioterapêutico assim permitam. Respeitando a clínica do paciente e a
fase de tratamento (fase aguda, subaguda ou crônica ), a recuperação será
atingida de forma gradativa.
Fase Aguda - o fisioterapeuta deve intervir com suporte de
hematologia, procurando amenizar o processo álgico, por meio da crioterapia e
propiciar um alinhamento corporal correto.
Fase Subaguda - utiliza-se meios para acelerar o processo de
reabsorção do sangue acumulado (hemartroses).
Fase crônica - pode-se obter recuperação global do paciente
com todos os recursos fisioterápicos existentes.
5. ATENÇÃO PRECOCE AO PACIENTE HEMOFÍLICO
A medicina física e de reabilitação, ocupa um lugar de
grande importância no tratamento interdisciplinar que todo hemofílico deve
receber.
Os sinais que freqüentemente levam o médico a suspeitar do
distúrbio da coagulação com déficit ou ausência do Fator VIII ou IX, ocorrem
geralmente no primeiro ano de vida, sendo as equimoses, hematomas subcutâneos
ou musculares e sangramento das mucosas. Depois do diagnóstico laboratorial, a
equipe médica, encaminha a criança para uma avaliação e tratamento dos
episódios hemorrágicos, além da detecção de outros fatores, que possam vir a
influênciar nos elementos da família com alterações secundárias à doença, como
no fígado ou aparelho locomotor.
Neste momento, o paciente é enviado ao Fisiatra, que
começará com programas de profilaxia, enfatizando especial manutenção ao
trofismo muscular e amplitude articular. Todo o acompanhamento de uma equipe
médica, é necessário para que não haja nenhum tipo de complicação, ou
agravamento da doença. Neste período, também são passadas importantes
informações aos familiares dos pacientes, quanto aos cuidados que devem ter, representando
um programa de reabilitação preventivo e eficaz.
Além das instruções médicas, é bastante útil aproveitar o
vínculo de confiança entre os médicos e familiares, para fortalecer o
relacionamento mãe - filho, que muitas vezes é superprotetor, podendo levar a
sérias conseqüências futuras.
Programa de reabilitação preventivo
Durante o banho, de preferência de imersão, se fará uma
manipulação suave de todas as articulações, principalmente joelhos, tornozelos
e cotovelos;
Durante o sono, alcochoar as superfícies mais resistentes da
cama para evitar os traumas diretos que podem levar a hemorragias;
Evitar vestimentas muito apertadas que possam ocasionar
equimoses e hematomas;
Não induzir a criança ao ortostatismo precoce, com risco de
desencadear hemartroses;
Não levantar a criança pelo estiramento contínuo dos membros
superiores, pois há possibilidade de causar hemartrose de ombro.
6. OBJETIVOS E FORMAS DE TRATAMENTO
Os objetivos dos tratamentos serão deter o sangramento,
eliminar a dor e restaurar a função.
Cinesioterapia
A cinesioterapia é a chave do tratamento, pois é um dos
recursos que intervêm nas seqüelas dos acidentes hemorrágicos e na artropatia
grave do hemofílico, como também atua de forma profilática.
Neste campo, os exercícios terão como finalidade principal o
fortalecimento muscular e o ganho de amplitude articular desde que a
articulação o permita.
A cinesioterapia será instituída precocemente,
respeitando-se as manifestações álgicas que podem constituir fator de
impedimento para a realização dos exercícios. A única recomendação que se faz é
no que tange ao uso de exercícios isotônicos contra-resistência, já que o risco
de aparecimento precoce de artrose femoropatelar torna esta modalidade de
exercíco formalmente contra-indicada. Restrição semelhante é feita aos
exercícios passivos pelo risco de desencadear-se hemorragia articular e/ou
muscular.
A cinesioterapia deve ser mantida até total recuperação
muscular.
Imobilização
Imobilizar a articulação afetada pode ser um recurso valioso
pois o repouso articular leva à melhora da sintomatologia dolorosa, propiciando
ainda, proteção à articulação. Todavia, a imobilização tem seus efeitos
deletérios, já que pode levar a um menor ou maior grau de atrofia muscular. A
imobilização deve ser usada por curtos períodos e somente quando for
absolutamente necessária.
Galvanização, Iontotorese, Ultra-som e Microondas
A utilização da galvanização ou da iontotorese com histamina
durante muitos anos foi a terapêutica de eleição para os pacientes, seguida de
ultra-som para os pacientes que evoluíram para fibrose cicatricial. Porém, mais
recentemente o uso de microondas tem tido resultados satisfatórios, quanto ao
tempo de evolução e deformidades residuais. É importante ressaltar que está
formalmente contra-indicada a punção de qualquer hematoma muscular.
Exercícios isométricos e exercícios ativos assistidos
Com relação aos exercícios, os isométricos possibilitam o
fortalecimento muscular, sem sobrecarregar as articulações, pois promovem o
encurtamento das fibras musculares sem o deslocamento articular. O
fortalecimento é obtido em cada segmento corpóreo, com ênfase na propriocepção,
para que o paciente tenha noção de seu próprio corpo.
Exercícios ativos assistidos também possibilitam ao paciente
a idéia do segmento do movimento correto, e um bom trabalho proprioceptivo tem
como colaboração os centros superiores.
Prática de esportes
Independente dos exercícios dirigidos a determinados grupos
musculares, é conveniente incentivar o hemofílico à prática de esportes, uma
vez que, através deles, esse paciente poderá manter sua condição física e
sentir-se inserido num contexto social, já que não é pouco freqüente
surpreender-se o hemofílico como um indivíduo restrito ao ambiente doméstico,
pois em vista das hemorragias, muitas vezes o vemos segregados dada a crença
popular que essas "manchas" são parte de doenças transmissíveis. São
indicados os esportes que não permitam contato direto com os praticantes.
Categoria I - Esportes Recomendados
Natação ;
Caminhada (evitar quedas);
Golfe;
Velejar (evitar quedas).
Categoria II – Benefícios acima dos risco
Boliche;
Ciclismo (evitar quedas e terrenos acidentados);
Corrida (evitar quedas e terrenos acidentados);
Basquete (evitar quedas);
Hidroginástica;
Musculação;
Patinação (evitar quedas);
Tênis (evitar quedas);
Voleibol (evitar quedas);
Windsurf (evitar quedas).
Categoria III – Não recomendados
Alpinismo;
Artes Marcias (contato);
Boxe;
Equitação;
Esqui aquático;
Esqui na neve;
Futebol;
Futebol americano;
Ginástica Olímpica;
Hockey;
Motociclismo;
Queda de braço;
Queimada;
Skate.
Contra-indicações
Em regra geral, temos de evitar mecanoterapia – polias,
bicicletas, entre outros - , porque implica demasiada pressão na articulação já
fragilizada. Os eixos articulares fisiológicos podem criar compensações e
posições que favoreçam os episódios de recidivas de hemartrose. Porém toda
regra tem sua exceção, e cabe somente ao exame fisioterapêutico e radiológico
graduar o que pode ser feito e realizado no eixo articular.
7. CONCLUSÃO
O hemofílico dos dias stuais, já não sofre tanto as
conseqüências da doença, como em tempos passados. Podemos perceber uma sensível
diferença na forma de aplicação do medicamento. Antes, era preciso que o doente
fosse ao posto ou casa de saúde para medicar-se. Porém hoje, percebe-se que ele
já se tornou mais independente, especialmente por poder fazer a auto-aplicação
dos medicamentos, em casa por exemplo.
No entanto, o hemofílico não pode desmembrar-se de um grupo
de apoio especializado, pois cuidados especiais com seu bem estar, devem ser
considerados. A fisioterapia, é um dos tratamentos mais relevantes no processo
reabilitativo dessas pessoas, tanto para atuação no campo social, como no doméstico
e familiar. Ajudando ainda, no modelamento da auto estima e indepêndencia do
paciente.
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA
LIANZA, Sérgio. Medicina de Reabilitação. Sociedade
Brasileira de Medicina Física e Reabilitação. Segunda Edição Guanabara koogan.
Segunda edição. 1995. Rio de Janeiro, RJ.Cap. 25 Pág. 371 - 382
Boletim da Federação Brasileira de Hemofilia, janeiro 2001.
Dra. Lucíola Terezinha Nunes Pág. 10
www. Hemofilico.com.br