CIRURGIA JOELHO

De acordo com o médico ortopedista Luciano da Rocha Loures Pacheco, coordenador do Programa de Cirurgia Ortopédica em Pacientes Hemofílicos, o HC realiza este tipo de cirurgia desde 1997. De lá para cá, mais de 60 cirurgias foram feitas no hospital. 

“Os pacientes hemofílicos têm sempre tratamento muito complicado, e nós, médicos, sempre tivemos muito medo de operá-los. Era um tabu. Mas com as novas técnicas de fator de coagulação, quase não há riscos”, explica o médico. Segundo ele, as partes mais atingidas nos hemofílicos são joelhos, cotovelos e tornozelos. “Os hemofílicos não fazem coagulação sanguínea, então quando sangram, começam a perder o movimento nessas partes do corpo”, explica. 

Segundo ele, há dois tipos de cirurgias: a Sinovectomomia Artroscópica, que é um tratamento preventivo, já que é realizado em crianças, e a Artroplastia, um tratamento curativo. 

O médico, pórém, chama atenção para o alto custo das cirurgias e o repasse feito pelo governo federal. A cirurgia realizada no garoto custou cerca de R$ 15 mil, enquanto no adulto, R$ 60 mil. “Dependemos do governo liberar o fator de coagulação, que custa cerca de US$ 0,5 a unidade”, explica o médico. Para uma cirurgia, são necessárias cerca de mil unidades por dia de fator, por um período de dez a quinze dias. 

O joelho é a maior articulação do corpo humano e a articulação mais afetada pela hemofilia. Tornozelos e cotovelos também são afetados com frequência. 

 A presença de sangue na articulação é chamada de hemartrose. 

 O sangue se mistura com o líquido sinovial e é absorvido pela membrana sinovial. A membrana sinovial é uma fina camada, geralmente unicelular, que reveste a articulação por dentro. Ela é formada por uma grande quantidade de sinoviócitos tipo B, células especializadas em secretar a mucina (ácido hialurônico), que é um dos principais componentes do líquido sinovial. Também existem, em menor quantidade, os sinoviócitos tipo A, que são muito parecidos com macrófagos e tem a função de fagocitar impurezas no líquido sinovial. Na membrana sinovial, as hemácias se rompem e liberam grande quantidade de hemossiderina, que é rica em ferro. Esse ferro se concentra nos sinoviócitos tipo A e faz com que eles se multipliquem e produzam substâncias inflamatórias chamadas citocinas. Isto causa a hipertrofia da membrana e a degradação da cartilagem articular. Conforme as hematoses vão se repetindo, a articulação vai sofrendo uma destruição muito parecida com a provocada pela Artrite Reumatóide. Primeiro ocorre a sinovite. 

O joelho fica quente e inchado. Depois ocorre progressivamente a perda de movimento (rigidez articular) e as deformidades. Isto é chamado Artropatia Hemofílica (AH). 

Uma das formas de classificar a gravidade da AH é através de radiografias. A classificação mais usada é a descrita por Petersson. Ela vai de 0 a 13. Quanto maior, pior.

 O hemofílico deve sempre ser acompanhado por uma equipe liderada por um Hematologista, mas composta por Ortopedista, Fisioterapeuta, Enfermagem, Farmacêutico. A decisão de submeter o hemofílico a uma cirurgia ortopédica é sempre discutida com a equipe. 

 A UNICAMP é referencia internacional no tratamento da hemofilia. A Unidade de Hemofilia do HEMOCENTRO da UNICAMP é reconhecida pela World Federation of Haemophilia (WFH) como centro de referencia em treinamento para a América Latina. Atualmente existem cerca de 400 pacientes em acompanhamento, sendo um dos maiores serviços do Brasil.


Fontes: A Tribuna do Paraná e O Joelho (site da Unicamp). Youtube